O presente artigo discute as maneiras pelas quais a interseccionalidade se apresenta na profissão bibliotecária através de sistemas de opressão baseados na tríade gênero-raça-classe. Buscando compreender se seria possível identificar os aspectos interseccionais de opressão e relações de poder de raça-classe-gênero que buscaram hierarquizar essas pessoas ao longo de suas trajetórias, esta reflexão teve como objetivo verificar a existência dessas relações nas falas de 5 (cinco) de um total de 13 (treze) pessoas formadas em Biblioteconomia na Universidade Federal de Minas Gerais em diferentes períodos que foram entrevistadas em profundidade no ano de 2022, durante uma pesquisa de doutoramento e que foram analisadas utilizando-se a Análise do Crítica do Discurso (ACD). Utilizando-se de autores voltados para a problematização das noções de gênero, classe e raça como marcadores hierarquizantes das pessoas, os resultados apontam para a confirmação dessa hierarquização. Isso evidencia o fato de que esse fator que não deve ser ignorado nas análises de vida das pessoas que constroem e sustentam a Biblioteconomia – enquanto profissão e enquanto área do conhecimento – e que, numa sociedade alicerçada sobre relações desiguais de gênero-raça-classe, ainda que as pessoas se conformem e ocupem os espaços a elas pré-determinados, outros marcadores irão atuar para hierarquizá-las e classificá-las, fazendo com que elas continuem tendo que lidar com situações de preconceito e discriminação.

Palavras-chave: gênero; classe; raça; biblioteconomia