Durante epidemias e surtos de doenças infectocontagiosas, iniciativas de divulgação científica se configuram como estratégicas para orientar condutas, individuais e coletivas, e auxiliar na construção de políticas públicas para conter seus possíveis impactos epidemiológicos, sociais e financeiros. No entanto, os reflexos da desigualdade social, racial e de gênero também atravessam o microcosmo do sistema de produção, comunicação e divulgação do conhecimento científico, dotando essas iniciativas da potencialidade de reforçar ou propagar estigmas relativos a grupos minoritários. O presente trabalho tem por objetivo discutir o impacto da representação de minorias sociais em peças de divulgação científica sobre doenças infectocontagiosas. Trata-se de uma pesquisa exploratória, de abordagem qualitativa, com características descritivas referentes às análises das fontes documentais. Foram analisadas 12 matérias jornalísticas que tratavam da Síndrome da Imunodeficiência Adquirida, da Monkeypox e da Coronavirus Disease 2019. As peças selecionadas para compor a amostra foram delimitadas por critérios de compatibilidade com a estrutura textual e temporalidade, sendo incluídas as que se referiam ao período inicial de cada um dos surtos. A partir da investigação realizada, foi possível perceber que a construção textual e imagética nas matérias analisadas acabou por fortalecer atos discriminatórios contra minorias sociais. Compreende-se que, ao tratar de doenças infectocontagiosas em ações de divulgação científica, é importante manter uma postura crítica e buscar alternativas para abordar a temática, de modo a não criar ou perpetuar a estigmatização das minorias.

Palavras-chave: divulgação científica; minorias sociais; crises sanitárias.