Última alteração: 2024-03-30
Resumo
Este texto tem por objetivo analisar a conceituação e as instâncias de hierarquização do termo gênero em dois tesauros especializados. Para tanto, recorre-se às discussões estabelecidas pela interseccionalidade e a decolonialidade com vistas a observar a existência de concepções hegemônicas e colonizadoras das identidades, dos desejos e dos relacionamentos afetivo-sexuais nesses instrumentos. Trata-se de um estudo teórico-experimental centrado em aproximar estudos de gênero em diálogo com as perspectivas da decolonialidade e da interseccionalidade às teorias da organização do conhecimento, adotando por premissa que os tesauros são instrumentos de referência para organização da linguagem. Empiricamente são examinados dois tesauros: o Tesauro Para Estudos de Gênero e Sobre Mulheres (1998) e o Tesauro sobre orientação sexual e identidade de gênero (2020). Como resultado, sugere-se que a atualização, revisão ou criação de novos tesauros sobre gênero seja realizada considerando-se a intersecção com outras estruturas classificatórias como as categorizações étnico-raciais e de classe a fim de que o gênero não seja mais percebido de forma hegemônica. O que demanda que os tesauros sobre gênero incluam a interseccionalidade e a decolonialidade como referentes para descrição dos termos, uma vez que a inexistência ou supressão de ambos mantém estruturas normativas de poder, refletindo, sobretudo, saberes hierarquizados e colonialmente situados.
Palavras-chave: gênero; decolonialidade; interseccionalidade; organização do conhecimento; tesauros de gênero.