Este trabalho tem como objeto de estudo um conjunto de nove modelos em ceroplastia de fabricação francesa pertencentes ao Centro de Ciências da Saúde da Universidade Federal do Rio de Janeiro que representam as diferentes fases da gestação humana e documentam o ensino de Anatomia na Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro até meados do século XX. As peças são remanescentes de 689 peças em cera descritas no “Catálogo do Muzeu Anatomo-Pathologico”, publicado em 1913. A técnica da ceroplastia é abordada, bem como seu uso na confecção de modelos anatômicos - alternativos aos modelos biológicos - e sua obsolescência com a criação de novos métodos de conservação de materiais biológicos. Os objetos são tratados como documentos e representados por meio da ferramenta do mapa conceitual. Para o mapeamento do conjunto foi contemplada a distinção proposta por Dahlberg entre objetos/conceitos gerais e individuais. Foram selecionados e conectados conceitos relacionados aos modelos anatômicos em geral e ao conjunto específico em particular. A seleção de conceitos relacionados ao objeto individual considerou também a abordagem proposta por Kopytoff, que recomenda interrogar e biografar as coisas, evidenciando operações de singularização. O trabalho enfatiza, por um lado, o frequente descarte dos objetos obsoletos nas universidades e, por outro, a durabilidade das coisas, sua capacidade de sobreviver a seus criadores e proprietários originais e resistir à extinção e ao esquecimento.