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O presente estudo é fruto da pesquisa de doutorado e parte de reflexões acerca da sobrevivência ao câncer e da experiência estigmatizante vivenciada por pessoas diagnosticadas com câncer de laringe no HCI/INCA, submetidas a cirurgia de Laringectomia Total e participantes do Grupo de Laringectomizados Totais. Os esquemas classificatórios têm sido centrais nas ações em saúde em detrimento dos saberes advindos da experiência de pessoas adoecidas, aspecto historicamente negligenciado no debate em saúde. O objetivo foi compreender as mediações de saberes e informações produzidas pelos participantes do grupo, na interface com os profissionais de saúde, considerando a sua dupla condição de estigma: o câncer e a deficiência, fatores que podem reorientar suas novas condições de existência, identidade e pertencimento social. Parte-se de uma abordagem socioantropológica, de caráter qualitativo e exploratório que empregou os métodos de entrevista narrativa com cinco pessoas laringectomizadas totais. A análise foi realizada através do método da hermenêutica-dialética. Nos resultados da pesquisa destacam-se: a) as relações e os conflitos entre o assujeitamento e as possibilidades de subjetivação; b) a busca pelo reconhecimento individual e social para amenizar o estigma e valorização da experiência frente aos saberes oficiais; c) as mediações sociais construídas extrapolam o espaço institucional e denotam o compromisso dos laringectomizados com uma transformação social e epistemologicamente mais justa. A mediação de saberes faz emergir elementos significativos para o enfrentamento de uma cultura informacional dominante.

 

 

Mediação de saberes; Laringectomizados totais; Estigma; Sobrevivência ao câncer