Última alteração: 2022-12-09
Resumo
Nas últimas décadas temos observado o desenvolvimento das pautas étnico raciais bem como a expansão do campo museológico, uma coisa não tem necessariamente a ver com a outra, mas ambos os processos, aqui analisados em perspectiva, revelam problemas e potenciais das construções de narrativas pelos aparelhos culturais museais. Este trabalho se pauta na investigação da documentação museológica no Brasil a partir da perspectiva racial, especificamente, se propõe a refletir como uma ferramenta museológica pode ser eficiente na construção de discursos antirracistas, ou em contraponto como uma ilusória neutralidade posiciona esse tipo de ferramenta como supremacista. Trata-se de uma revisão sobre museus e questões raciais e as experiências recentes acerca da musealização de acervos negros. Como resultado, identificamos que a proposta de autogestão e processos colaborativos tendem a transformar as técnicas e instrumentos de representação da informação dos museus garantindo o fortalecimento e representação das identidades negras. Consideramos que o fato de a documentação museológica visar o registro informacional de forma legítima, ética e segura dos acervos culturais, é preciso repensar como esses sistemas de informação são elaborados para que efetivamente tornem os museus espaços antirracistas, comprometidos com a transformação sociocultural, com a valorização humana e com os seus direitos.